sábado, 4 de dezembro de 2010

presidência em Guimarães

Carta sem resposta (mais uma!) dirigida em Abril de 2006 ao presidente Aníbal C. Silva

Excelentíssimo Senhor Presidente da República

Excelência,

É um grupo de cidadãos do norte de Portugal, um grupo de portugueses fortemente ligados à cidade de Guimarães e imbuídos do seu Espírito, este que vem respeitosamente saudar Vossa Excelência.
Sentimos que esta cidade, esta região que desde a primeira hora acalentou a chama da independência, tem ainda muito para dar a Portugal. Tem, acima de tudo, esse legado único e de Valor inestimável que são as raízes históricas, a fonte baptismal da identidade, sem a qual se dissolverão progressivamente os traços individuantes de um carácter para o qual nem a União Europeia nem a Globalização conseguiram até agora encontrar substituto à altura.
À entrada de um novo século em que as questões do diálogo norte-sul, do desenvolvimento sustentável e da Paz entre diferentes religiões se revelam cada vez mais centrais no concerto internacional, mais e mais importantes se tornarão para o mundo exemplos de "modos de ser", culturas de tolerância e "brandos costumes" como aquela que o povo português foi secularmente sedimentando, e continua a propôr vivencialmente.
Diante desta realidade dum património civilizacional e cultural da humanidade, menos conhecido que o patrimóio arquitectonico que a UNESCO há algum tempo reconheceu mas não menos importante, sentimos ser nosso dever partilhá-lo duma forma ainda mais franca com o País e o Mundo. Estamos dispostos, metaforicamente falando, a franquear as portas do nosso castelo e derrubar as nossas muralhas, fornecendo aos portugueses o pretexto que sentem faltar-lhe para se assumirem diante do mundo como aquilo que essencialmente são; e para renovarem, perante o mesmo mundo, uma proposta, uma atitude e um diálogo com oito séculos e meio. Falamos deste diálogo inter-cultural que, no passado recente, outros conseguiram quase silenciar sem de todo lograr desatar os laços de intercontinentais vínculos.
Eis a simbólica ideia e o Espiríto que anima este Povo de Guimarães que, por nossa mediação, vem convidar Vossa Excelência, Senhor Presidente da República, a estabelecer a sua residência, se não com carácter oficial e permanente, ao menos de um modo mais frequente e durável que os respeitáveis antecessores de Vossa Excelência, no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães e aqui receber o Senhor Primeiro-Ministro em audiência semanal.
Os milhares de assinaturas de cidadãos que se quiseram associar a este convite, são outro sinal da união de tantas pessoas, famílias, jornais, rádios, blogues, associações, clubes, escolas, empresas e autarquias em torno desta aspiração antiga do norte de Portugal, onde tudo começou, para voltar a acolher e honrar com a sua hospitalidade o mais alto dignitário do Estado Português. O povo do norte desde já se prontifica a assegurar à sua custa que, aceite este convite, aquele espaço readquira e mantenha as melhores condições de dignidade e conforto, consentâneas com a importância do inquilino e com a proverbial Hospitalidade e o gosto de bem receber destas gentes.